PROTECÇÃO SÍSMICA E AUTO-REGULAÇÃO.
Publico estas coisas porque, não só me tem vindo, cada vez mais, a pedir que o faça, como acho de demasiada importância e urgência que as pessoas que estão, naturalmente, alheadas deste Risco, se possam consciencializar de que ele é Real e que há coisas que podem e que devem, em seu favor, saber e fazer:
i) A possibilidade de ocorrência de um sismo destruidor, num espaço de tempo relativamente curto, é uma possibilidade muito séria e real,
ii) De entre o que as pessoas podem fazer para minorarem o risco a que podem estar expostas, destaco como de maior importância:
a) TOMAR CONHECIMENTO DOS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS em caso de ocorrência de um sismo. Para tanto poderão encontrar essa informação junto da
SPES-Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica, da
ANPC-Autoridade Nacional de Protecção Civil, do
IPMA-Instituto Português do Mar e da Atmosfera, entre outras,
b) AO ESCOLHER UMA CASA PARA HABITAR, OBTER INFORMAÇÃO CREDÍVEL SOBRE A QUALIDADE DA MESMA em termos de resistência sísmica (Ver Nota), e escolher tendo também esse factor como critério de decisão. Uma casa 'recuperada', ou, como lhe chamam, 'reabilitada', pode ser uma armadilha mortal. Salvo muito raras excepções, é prática generalizada no nosso país, proceder à reabilitação dos imóveis antigos com grande ênfase nos aspectos arquitectónicos como o conforto, a operacionalidade, o embelezamento, porque "é o que se vê", com total violação dos mais fundamentais princípios de segurança anti-sísmica, já que estes, só com uma apreciação especializada se podem detectar e que por isso, o comprador "porque não pode, não vê". Também a existência de um "Seguro" não só não devolve as vidas que entretanto podem ter sido perdidas como, quase certamente, não cobrirá nem de perto nem de longe as perdas materiais entretanto causadas.
c) IMPEDIR, por todos os meios que possam ter à disposição, a realização, no seu prédio, ou em prédios contíguos ao seu, de OBRAS QUE POSSAM VIR A ENFRAQUECER A RESISTÊNCIA DA ESTRUTURA a solicitações horizontais (acções sísmicas). A remoção de paredes ou pilares para ampliação de espaços, seja para comércio no R/C seja para a adaptação de gabinetes, reconversão de salas ou quaisquer outros fins, é, para além do aumento do nº de pisos, uma das mais e muito graves agressões. Não se compadeçam com a explicação de que em substituição destes elementos foram colocadas vigas. Essas vigas, em aço ou em betão armado, contrariamente às paredes ou pilares que lá estavam, não só não oferecem qualquer resistência às acções sísmicas, pelo que a resistência da estrutura diminuiu, como desequilibram os esforços na estrutura reconduzindo-os para zonas que para eles não foram dimensionadas assim aumentando ainda muito mais a forte debilidade destas construções. Desejável seria essas obras, inversamente, contemplassem o reforço desta resistência.
Nota: Quanto ao exposto na alínea b), sei que poderão aí ter grande dificuldade. Poderão, se a isso tiverem acesso, recorrer a opinião especializada, o que sei não será fácil, mas poderão também solicitar essa informação ao agente imobiliário ou à Autarquia. Dessa forma é criada pressão, quer junto da Administração Local quer junto dos agentes imobiliários, para que estes passem a diferenciar a oferta, em resposta à nova procura, o que a longo prazo terá como consequência a natural penalização, pelo próprio mercado, da "Má Oferta (a de Risco)", em benefício da "Boa Oferta (a Segura)".
Uma vez que não existem, por parte das autoridades (in)competentes, Governo Central e Autarquias, quaisquer acções de Regulação do Mercado, este há muito que está em completa roda livre.
Resta-nos a "Auto-Regulação".